terça-feira, 8 de setembro de 2009

Independência !!!

Uma história ideológica feita de fatos moderados

A maioria dos feriados nacionais, estaduais e municipais, no Brasil, não é apenas um dia de folga, em que o comércio quase não funciona e em que as pessoas ficam em casa. Normalmente, possuem um significado nacional, estadual ou municipal. Estando de alguma forma relacionada à história, a cultura, a política e a organização social da nação brasileira. Assim, sempre que inicia o mês de setembro, se lembra do feriado do dia sete. Porém, o que é realmente o dia sete de setembro? Por que algumas universidades dão a semana inteira do dia sete de setembro de folga, alegando ser semana da pátria? O que é pátria? O que é nação? O que é país? Bem, essas são algumas das perguntas, que deveriam ser feitas a esta importante data no Brasil. Algumas, o texto responde, outras ele esbarra, enfim será feito um panorama geral de alguns acontecimentos entre Brasil Colônia e Brasil Império.
Primeiro, é importante esclarecer o que se comemora no Brasil no dia sete de setembro, não é uma data qualquer, foi nesse dia em 1822, que Dom Pedro I, na beira do rio Ipiranga declarou “Independência ou Morte!”. Contudo, a independência do Brasil, não foi resultado do bom coração de Dom Pedro I, engano de quem ache isso. Ela se apresenta dentro de toda uma estrutura histórica, social e cultural que iniciou com a propagação das idéias iluministas, com a inserção do Capitalismo comercial e com as Revoluções burguesas nos países europeus e com a Independência dos Estados Unidos da América. Assim, não se sustentava mais nem o feudalismo, nem o Mercantilismo, portanto, as colônias mudam de papel social no contexto mundial, assim como o tipo de mão de obra a ser utilizada.
É dentro desse contexto, em que a sociedade começa a ser explicada pela economia, em que a exploração humana se deu pela mais-valia, trabalho excedente ou trabalho não pago, ou seja, o operário trabalha doze horas e recebe seis. Diferente do Mercantilismo, o qual se baseava, em suma, na balança comercial favorável, colônias de exploração, absolutismo; o capitalismo trabalha com a exploração da mão de obra, em cima do trabalhador excedente, as colônias viram fontes de comércio e para se retirar matéria prima e o poder político sai da mão da nobreza e foi para mão dos burgueses, detentores de capital. É com apoio dessas idéias que surgiram alguns movimentos sociais em prol da Independência do Brasil durante o século XVIII.
Entre eles, deve se lembrar da Conjuração Baiana (Revolta dos Alfaiates), que iniciou em Salvador, quando transferem a Capital do Brasil para o Rio de Janeiro, assim o custo de vida aumentou muito. A origem certa do movimento ninguém sabe muito bem, nem é tanto divulgado, mas se sabe que eles não tinham uma opinião a respeito da abolição da escravidão, pensavam em primeiro fazer a independência da Bahia e se assim fosse, logo fariam pelo Brasil. Foi um movimento no qual houveram quatro condenações a morte, também era mais popular, apesar das pessoas que encabeçavam o movimento fazerem parte de uma sociedade secreta maçônica. Como, se sabe que no Brasil, os maçons sempre detiveram muito o poder econômico e político, então, quem guiava o movimento fazia parte de uma elite brasileira. O segundo movimento, todavia, mais conhecido que a Revolta dos Alfaiates seria a Inconfidência mineira. Um movimento que surgiu entre a elite em Ouro Preto, tendo seu auge em 1789. Quando apenas Tiradentes, foi enforcado, apesar de fazer parte da elite, José Joaquim da Silva Xavier, era o que tinha menor importância política e econômica dos integrantes da Inconfidência, por isso só ele é morto e os demais pagam pelo seu crime contra Portugal de outra forma.
Apesar de o Brasil ter a Independência reconhecida só em 1822, muitos historiadores, sociólogos, cientistas políticos reconhecem a Independência do Brasil desde 1808, porque estruturalmente falando desde esta data o Brasil deixa de ser colônia e passa a ser Reino Unido. Ou seja, com a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte quando estava no poder resolve começar a invadir os demais países europeus, entre eles a Espanha e Portugal, porém o Rei de Portugal Dom João VI com medo de invadirem seu país, solicitou ajuda inglesa. Assim, como a Inglaterra temia que a França, se tornasse o império mais forte que o inglês, ajudou os portugueses, embora tenha estipulado uma condição de acabar com o monopólio português no Brasil. Assim, com a abertura dos portos brasileiros e com a sede do poder em território nacional, acaba-se com a idéia de colônia e dependência de Portugal, pois além do mais os produtos industrializados mais baratos eram os ingleses, que possuíam técnicas industriais muito avançadas, aliás, já estavam entrando na segunda Revolução Industrial, enquanto Portugal, por exemplo, ainda possuía a mentalidade do período feudal.
Assim, do período de 1808 a 1822, o território brasileiro foi reino unido. Logo, após a família real ter vindo ao Brasil, as tropas napoleônicas invadiram Portugal. E tiveram muito êxito em dominar o continente europeu, contudo começaram a decair na batalha contra a Rússia, a qual contou com o apoio do “General Inverno”. Ou seja, devido ao inverno russo ser muito frio os franceses não agüentaram, acabando por morrer e perder a batalha, com isso as tropas napoleônicas começam a recuar, até a guerra final entre França e Inglaterra, quando por fim aprisionam Napoleão, o qual é exilado e volta a antiga dinastia na frança. Nestas condições Portugal, um Estado europeu encontra-se sem sua sede real, gerando a Revolta do Porto, onde a população exige que Dom João VI volte a Portugal ou a família real iria perder seu posto, iriam nomear outro como real. Desta forma, Dom João VI volta a Portugal e deixa seu filho para governar o Brasil.
Bem, dentro desse contexto existem três frentes no Brasil para o governo de Dom Pedro I, a conservadora, a moderada e a radical. A conservadora defende a idéia de que o Brasil deve voltar a ser subordinado ao Reino de Portugal. A moderada, para esta deve ser feita a Independência, mas permanecer a monarquia. Por fim, a radical, que lutam pelo fim da monarquia, pela republica, juntamente com a Independência. Como sempre a linha moderada toma a frente das decisões e acaba sendo o destino do Brasil. Portanto, no dia sete de setembro de 1822, com medo que houvesse uma revolução no Brasil, Dom Pedro I, o príncipe português, declara na beira do rio Ipiranga “Independência ou morte”. Logo, a Inglaterra reconhece a Independência do Brasil e os demais países, já que para eles era vantagem o Brasil ser independente a ser colônia. Enfim, até hoje no dia sete de setembro comemoramos a independência do Brasil, muitas vezes sem tomar conhecimento de todos esses acontecimentos e brigas ideológicas, que estão por de trás do fato da Independência do Brasil.

Autores:

Maira Lavalhegas Hallack
Mateus Rosa Tognella

Estudantes do 3º Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP)
mateustognella.blogspot.com

2 comentários:

  1. o mathiola a discusão econômica e seu entendimento começa bem antes da mais valia de Marx...antes veio o grande,o dito cujo Adam Smith o padre que virou pai da economia,e depois disso ainda veio os fisiocratas.
    sangue, tisora isso ai sangue

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Mateus, pela exposição sobre o tema.
    Interessantíssimo, continue assim.

    Abraços,
    Fernanda

    ResponderExcluir